São José do Barreiro - Belezas Históricas

Fala pessoal,

Estive neste final de semana em São José do Barreiro, no alto do Vale do Paraíba, região mais conhecida como Vale Histórico. Saí na 6ª feira à noite (23/01), passei pelas cidades que margeiam a Dutra até Cachoeira Paulista, onde o ônibus entrou pela estrada velha Rio-São Paulo e seguiu sentido Bananal. Por essa estrada passei por Silveiras e Areias (com direito a uma parada de 10 min.), antes de chegar em São José do Barreiro. Todas as cidades da região possuem um conjunto arquitetônico fantástico, fazendo com que o turista, como eu, se sinta em meados do século 19. Chegando em São José do Barreiro, fui direto para a Pousada da Márcia, onde fiquei hospedado os 2 dias. Uma pousadinha simples, porém muito aconchegante, limpa, segura e organizada. Aqui um detalhe da porta da pousada: No sábado pela manhã fui rodar a cidade para conhecer e ver os casarões e as ruas de Barreiro. O primeiro lugar que visitei foi a Igreja Matriz:Andando pelas ruas vi muitos casarões datados do século 19, a época de ouro do café. Foi graças ao cultivo do café que a região do Vale do Paraíba, principalmente do Vale Histórico viu seu apogeu. Os maiores fazendeiros do país viveram nesta região, primeiro com seus escravos e depois, já no declínio do café no Vale do Paraíba, com os imigrantes. Bananal, por exemplo, chegou a ser a cidade mais rica do país durante o Reinado de D. Pedro II e o início da República. Hoje possui 10 mil habitantes.

Esta é a atual Câmara dos Vereadores. O prédio foi construído em 1879 e segue a arquitetura da época:

Depois que dei umas voltas no centro da cidade, segui a Rota da Fazenda Pau D'Alho, uma das mais famosas fazendas do Vale Histórico por ter abrigado D. Pedro I quando ele se dirigia à São Paulo para proclamar a Independência do Brasil.

Aqui o portal da cidade:

Depois de uma caminhada de 3km, cheguei a Fazenda Pau D'Alho:

Aqui um detalhe da sala de jantar:

Apesar do casarão principal estar vazio, sem muitos dos móveis originais, ainda restam alguns como esta escrivaninha da época:No meio da sala principal havia este quadro de D. Pedro I, infelizmente com a face danificada:Aqui detalhe da entrada principal com suas grandes janelas:Na saída do casarão, fui em direção ao que servia na época como depósito de sacas de café e no porão onde se torturavam os escravos:Depois segui para onde os escravos dormiam, localizado na parte mais alta da fazenda (uma peculiaridade):Lá do alto, tirei uma bela foto de toda a Fazenda Pau D'Alho, com as belas montanhas de fundo:Bom, saindo da Fazenda, no caminho de volta (3km!) encontrei esta placa de "Vende-se". Algo me chamou a atenção e cheguei mais próximo para dar uma lida: rsrsDepois de comer um Sr. Almoço caipira com direito a tudo que você imaginar, fui visitar outra fazenda: São Francisco. Eu tinha achado que a caminhada da manhã tinha sido razoável, mas quando cheguei na Fazenda São Francisco fiquei sabendo que tinha caminhado 6km para chegar até lá!! A paisagem era tão bonita que nem reparei o tamanho do caminho!

Aqui a entrada principal da Fazenda que foi construída em 1813 pela mesma pessoa que, mais tarde, doou as terras para a construção da Pau D'Alho.

Logo na chegada, encontrei com outro grupo de turistas, inclusive de Historiadores, que acabavam de conhecer a fazenda. Ali, conheci a Eliana e o Walton, os responsáveis por restaurar e manter a fazenda e suas construções de quase 200 anos de pé até hoje. Fiquei impressionado com o trabalho deles e com a dedicação que os dois têm pela história que o patrimônio do Vale Histórico guarda.

A Dona Eliana foi minha guia pelo casario. Começamos pelo antigo porão, onde hoje foi aproveitado para expor algumas peças da época, fotos, relíquias, etc. Aqui algumas máquinas de moer café, farinha:

Uma estante com louças, pequenos frascos de perfume e em cima uma sopeira inglesa:Esta a peça que mais me chamou a atenção. Este é um oratório da época da Fazenda São Francisco, provavelmente um oratório católico. Porém repare que na parte de cima, dentro do oratório se encontra o símbolo da Maçonaria! Na época do Império, qualquer organização secreta, incluindo a Maçonaria fora proibida, por isso, que os proprietários deste oratório "esconderam" suas preferências em um oratório aparentemente simples:Ao entrar no casarão me supreendi com a altura do pé-direito. As paredes e portas eram enormes. Na sala principal, encontramos vários quadros de diversas épocas e artistas e um piano que já foi utilizado por Euclides da Cunha:Aqui um detalhe da janela e da vista frontal da casa:A sala de jantar com mobílias da própria fazenda e louças e pratas de outras localidades. na foto o Seu Walton e Eliana:No quarto principal, em cima da cama quase bicentenária, uma tapeçaria italiana muito bonita:

Este casarão realmente é muito bonito e uma aula de História para qualquer um, principalmente para mim! Após a visita, sentamos na mesa da sala e ao sabor de um bolinho quente e um suco de maracujá, conversei com os dois por mais de 1 hora. Foi uma conversa muito boa, onde pude aprender mais ainda sobre a história do café no Vale e saber que pessoas ilustres como Thereza e Tom Maia estiveram ali também. Infelizmente a noite já se aproximava e eu tive que ir embora.

À noite, apesar de estar bem cansado, ainda pude aproveitar a festa que estava tendo na cidade e dar uma conferida na Folia de Reis que acontecia em uma casa mais distante, graças à Janete, barreirense que conheci no Bingo da igreja e me apresentou a cidade pelo ponto de vista de quem mora lá. Falando em bingo, por um número eu não levei um bezerro para minha cidade! Isso mesmo: um bezerro! rsrs

Bom, no sábado foi esse o passeio. Amanhã postarei aqui o domingo, quando visitei a Serra da Bocaina e pude apreciar uma das paisagens mais bonitas que já vi. Não percam!

Abraços.